#07-jan-25: ESG "para inglês ver". E o "perigo" dos homens ao volante.
Greenwashing: ou “ESG para inglês ver“
Fonte: https://www.journals.uchicago.edu/doi/abs/10.1086/728855?af=R
Um estudo conduzido por Aneesh Raghunandan (LSE) e Shiva Rajgopal (Columbia), recentemente publicado no prestigioso Journal of Law and Economics, avaliou as práticas de 181 empresas signatárias do manifesto de 2019 da Business Roundtable, que prometia priorizar stakeholders além dos acionistas. Utilizando dados concretos, como violações ambientais e trabalhistas, emissões de carbono, subsídios governamentais e gastos com lobby, a pesquisa mostrou que as empresas signatárias apresentaram pior desempenho que seus pares em todas essas dimensões, sem melhorias após a assinatura do manifesto. A pesquisa revelou, ainda, que essas empresas frequentemente utilizam práticas de greenwashing, aproveitando-se da assimetria de informação criada pela dificuldade de terceiros em medir com precisão seu desempenho ESG.
A análise evidencia como a confiança em divulgações voluntárias e a falta de mecanismos robustos de fiscalização permitem que as empresas manipulem percepções de responsabilidade social, mesmo sem mudanças efetivas. Sob a perspectiva da Análise Econômica do Direito, o estudo sugere que a autorregulação ESG é insuficiente diante de incentivos desalinhados, destacando a necessidade de mecanismos de enforcement e métricas mais transparentes. Apenas com maior alinhamento entre incentivos econômicos e impactos reais será possível reduzir os custos sociais e ambientais dessas práticas corporativas.
O efeito dos vieses no trânsito
Um estudo co-autorado pela Prof. Dra. Luciana Yeung e publicado mês passado na Planejamento e Políticas Públicas (PPP) do IPEA investiga como vieses comportamentais e o desengajamento moral influenciam infrações e acidentes de trânsito. Utilizando dados de 589 motoristas coletados com o Driver Behavior Questionnaire (DBQ) e a Escala de Justificativa de Motoristas (EJM), os pesquisadores identificaram que mecanismos como a reconstrução da conduta, minimização da culpa e distorção das consequências permitem aos motoristas justificar violações ordinárias e agressivas. Homens e jovens mostraram maior tendência a desengajamento moral, o que eleva a frequência de transgressões, multas e sinistros.
O estudo mostra que jovens e homens apresentam maior tendência a tais comportamentos, o que explica sua alta incidência em multas por excesso de velocidade e sinistros, ampliando os riscos para todos os envolvidos no trânsito.
Sob a ótica da Análise Econômica do Direito, o estudo destaca como vieses comportamentais e a assimetria de informação contribuem para a perpetuação de condutas perigosas no trânsito. Enquanto os motoristas distorcem a percepção de suas ações, faltam políticas públicas eficazes que desincentivem tais práticas. Campanhas educativas, voltadas especialmente para jovens e homens, além de maior capacitação de agentes de trânsito, são sugeridas como medidas para reverter esse quadro e reduzir o custo social dos acidentes.