#18-mar-25: Contratar professores por mérito pode não dar certo. E Trump v. aço brasileiro.
Mesmo com as mais nobres intenções, as políticas públicas precisam ser criadas com um olhar cuidadoso.
Meritocracia para docentes colombianos fracassou
Fonte: https://www.nber.org/system/files/working_papers/w33008/w33008.pdf
Um estudo recente, detalhado no NBER Working Paper 33008, examinou as consequências não intencionais de uma reforma meritocrática na contratação de professores na Colômbia. Implementada em 2005, a reforma substituiu um sistema descentralizado por uma abordagem centralizada, baseada em testes padronizados de conhecimento e aptidão para o ensino. Embora o ensino fundamental na Colômbia tenha alcançado quase a universalização da matrícula em 2010, o desempenho dos estudantes permanecia estagnado. A reforma também visou tornar a carreira de professor na rede pública mais atrativa, aumentando os salários iniciais.
A expectativa era de que professores mais qualificados impulsionassem o desempenho dos alunos. No entanto, o estudo revela que, apesar da melhoria no perfil dos novos docentes, houve um aumento na rotatividade e uma queda na experiência média do corpo docente. Isso resultou em uma piora dos resultados dos estudantes de escolas públicas, ampliando a disparidade entre o ensino público e privado, além de impactar negativamente taxas de ingresso e conclusão do ensino superior.
Sob a ótica da Análise Econômica do Direito (AED), essa reforma ilustra bem a armadilha das consequências não intencionais nas políticas públicas. Ao desenhar um sistema meritocrático, o legislador negligenciou o efeito da substituição em massa de professores experientes por novatos, subestimando os custos de adaptação e a curva de aprendizado docente.
O que podemos esperar das tarifas de Trump sobre o aço?
No último dia 10 de fevereiro, o governo dos Estados Unidos anunciou a reintrodução de tarifas de 25% sobre importações de aço e alumínio de todos os países, incluindo o Brasil. A medida entrou em vigor no dia 12 de março. De acordo com estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), essa decisão deve reduzir as exportações brasileiras de aço em até 1,6 milhão de toneladas e causar uma queda de 2,19% na produção do setor no Brasil. O impacto macroeconômico, no entanto, seria modesto, com redução estimada de apenas 0,01% no PIB. Nos Estados Unidos, a intenção do governo é estimular a produção doméstica, mas a medida pode encarecer insumos e prejudicar indústrias dependentes de aço, como a de máquinas, veículos, equipamentos elétricos e construção civil.
Essa decisão protecionista reflete uma abordagem de curto prazo que ignora os efeitos sistêmicos do aumento de custos para o mercado interno. O governo americano busca reindustrializar o país impondo barreiras comerciais, mas essa estratégia gera distorções na cadeia produtiva, podendo reduzir a competitividade da indústria americana em setores intensivos em aço. Além disso, a dependência do Brasil do mercado americano para exportação de produtos semiacabados (cerca de 90% das vendas para os EUA) exige uma estratégia de diversificação comercial.